Histórias da colunista Laysla Bonifácio mostram as nacionalidades que cabem no Quadradinho. Mundos diversos, de diferentes origens e idiomas se cruzam em Brasília, sede de missões diplomáticas e organismos internacionais.
Por Laysla Bonifácio (@layslabonifacio)
A Cosmopolita Brasília
Brasília é um caldeirão de culturas. No coração do Brasil, a Capital Federal acolhe uma vibrante comunidade internacional. Aqui, diplomatas, estudantes e profissionais de organismos internacionais se misturam aos brasileiros, criando uma tapeçaria cultural única. A cidade, conhecida por sua arquitetura modernista e planejamento urbano, é também um epicentro de diversidade e intercâmbio cultural.
Na Universidade de Brasília (UnB), onde sou doutoranda em Linguística, temos a sorte de receber estudantes e professores de todo o mundo. Esse fluxo constante de pessoas e ideias faz da UnB um polo de inovação e aprendizado, onde a troca de experiências acadêmicas e culturais é uma constante.
O Instituto Central de Ciências (ICC), idealizado por Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, foi criado exatamente para fomentar essa interação intercultural. O ICC, também conhecido como "Minhocão", desenhado por Oscar Niemeyer, simboliza essa missão de unir todos os cursos em um único espaço, promovendo a convivência e o intercâmbio entre as diversas áreas do conhecimento e as diferentes culturas que compõem a universidade. A estrutura inovadora e o ambiente dinâmico do ICC refletem a essência da UnB como um centro de internacionalização, onde o contato cultural internacional é valorizado e incentivado diariamente.
Foto: Laysla Bonifácio
Histórias de Ensino e Aprendizado
No Instituto Cultura Brasileira – Português para Estrangeiros (@brasiliancultural), onde atuo como diretora-executiva e professora, cada aula é uma nova aventura. Ensinar português a quem vem de diferentes culturas é um exercício constante de adaptação e descoberta. Cada estudante traz consigo um pedaço de seu mundo, e juntos construímos pontes linguísticas e culturais.
Aula de Português acompanhada de café turco, doces, biscoitos e muita troca linguística e cultural. Foto: Laysla Bonifácio
Um Encontro de Culturas
Em uma de minhas aulas, recebi uma aluna, Maria, uma colombiana de Popayán. Hoje, ela é professora doutora em uma universidade federal no sul do Brasil. Maria chegou a Brasília em 2015 para fazer um mestrado, seguido por um doutorado na Universidade de Brasília. Após concluir seus estudos, ela passou em um concurso público e hoje é professora em uma instituição federal. Realizando o sonho que se propôs quando saiu de sua cidade natal para Brasília.
Maria sempre fala com gratidão sobre o Brasil e, especialmente, sobre Brasília. “As amizades que fiz aqui e tudo que a cultura brasileira e brasiliense me proporcionaram são inestimáveis”, ela diz. Ao longo de nossas aulas, Maria compartilha suas experiências, enriquecendo as discussões com suas perspectivas únicas. Ela se lembra de como foi desafiador no início, mas também de como a cidade a acolheu, facilitando sua adaptação e aprendizado.
A Superação de Desafios
Outro estudante que me marcou foi Ahmed, um engenheiro do Paquistão que veio a Brasília para trabalhar em um projeto de desenvolvimento urbano. No início, Ahmed teve muita dificuldade em se adaptar à cultura brasiliense, mas a persistência e a vontade de aprender foram suas maiores aliadas.
Ahmed encontrou nas aulas de português um meio de compreender melhor a vida e as práticas sociais em Brasília. Ele frequentemente comenta sobre como a cidade, com sua arquitetura impressionante, vastas áreas verdes e vida lacustre, o cativou. Ele fala com entusiasmo sobre o Parque da Cidade e as margens do Lago Paranoá, onde ele gosta de passear nos fins de semana.
Capivaras à beira do Lago Paranoá. Foto: Ahmed.
A gastronomia também teve um papel fundamental na sua adaptação. Ahmed nunca esquecerá a primeira vez que provou o pastel típico de Brasília e a pizza da Dom Bosco, que ele achou deliciosos. Essas experiências gastronômicas ajudaram Ahmed a se sentir mais conectado com a cultura local e a apreciar as nuances da vida brasiliense.
A pizzaria Dom Bosco de Brasília, inaugurada em 1960, é um ícone da capital federal, conhecida por sua tradição e sabor inigualável. Celebrando hoje, 10 de julho, o Dia da Pizza, a Dom Bosco continua em pleno funcionamento há 64 anos, servindo sua famosa pizza de massa fina e crocante, coberta com molho de tomate caseiro e queijo. Reconhecida pelo atendimento rápido e pelo ambiente acolhedor, a pizzaria mantém sua receita original, conquistando gerações de clientes e se tornando um patrimônio gastronômico de Brasília.
Brasília Sem Fronteiras: Um Espaço de Diálogo e Reflexão
Nesta coluna Brasília Sem Fronteiras, o Brasília News reafirma seu compromisso em mostrar a cena internacional da cidade. Aqui, trarei referências locais e universais para falar dos desafios cotidianos, das surpresas e recompensas do ensino do português para estrangeiros. Este espaço será uma janela para o mundo, onde diferentes perspectivas se encontram e se enriquecem mutuamente.
Vamos mostrar como Brasília, com sua diversidade cultural, se torna uma cidade sem fronteiras. As histórias que compartilharei mostrarão como diferentes nacionalidades interagem e convivem na Capital Federal, criando uma comunidade global rica e dinâmica.
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Não perca as próximas edições de Brasília Sem Fronteiras. Não esqueçam de experimentar os pratos típicos da capital!
Até a próxima!
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