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Moema Dourado transforma reflexão analítica sobre a infância em exposição de arte

Em visitação no Espaço Niemeyer, obras da psicóloga e analista junguiana traduz em imagens universo simbólico.



(com informações da Assessoria de Imprensa)


Do consultório para o ateliê. Da leitura e reflexão para a forma física. De dentro para fora. Da psicologia para a arte. A partir de um profundo mergulho em si mesma, uma psicóloga e analista Junguiana abre espaço para que sua identidade de artista visual se manifeste, “tratando” com formas e movimento as feridas emocionais, em especial as contidas nas memórias da infância, incluindo as transgeracionais e coletivas. Esta é a proposta de Moema Dourado para sua primeira exposição individual “Oratórios de Mim”, que tem curadoria de Rogério Carvalho. Com vernissage aberta ao público em 08 de junho, a exposição poderá ser visitada, gratuitamente, até 28 de junho no Espaço Oscar Niemeyer. “Explorei a construção de nichos, relicários e espaços por meio de objetos que acolhem e transformam vivências emocionais difíceis. Quando encaramos nossas dores com profundidade não voltamos de mãos vazias. Ao contrário, podemos sair engrandecidos. Nesse sentido, minha experiência com a psicologia contribuiu sobremaneira para essa pesquisa, já que abordo na exposição a complexidade da subjetividade humana”, afirma Moema. Seus processos psíquicos desaguaram em obras que remetem ao acolhimento da criança interior e contam histórias a partir da presença de um feminino, ora abandonador, ora protetor. 

Valendo-se de diversas linguagens, como escultura, desenho, pintura, fotografia, colagem, objeto, vídeo e instalação, ela apresenta 20 obras que contam histórias através das marcas do tempo, impressas por acontecimentos e vivências emocionais. Dentre os destaques da exposição estão os tótens, objetos, originalmente, vinculados a experiências sagradas em diversas culturas. Os totens foram feitos com dormentes de trem, peças em madeira bruta que estavam dispostas horizontalmente em sua vida útil. Emblematicamente, na obra de Moema, os dormentes se erguem verticalmente, impondo-se, e não mais servindo.

Para o curador Rogério Carvalho, a arte de Moema é um meio para uma experiência complexa. “A Exposição é um convite para uma viagem introspectiva, um reconhecimento das feridas e uma celebração da capacidade humana de encontrar beleza e significado mesmo nos momentos mais desafiadores. Aqui, cada obra é um espelho e um refúgio, onde a história se entrelaça com o universo do observador, revelando a universalidade das lutas e das esperanças humanas”.

A influência da figura feminina de proteção é marcante na mostra. Moema se inspirou em uma tia costureira muito católica, que povoou o imaginário de sua infância com santos, graça, linhas e amor. A partir de memórias afetivas e lúdicas, chegou a uma estética simbólica com ícones do catolicismo, como os ex-votos, bustos relicários, oratórios de convento e museus de arte sacra. Tais elementos sugerem uma aproximação do sagrado e aludem à integração entre matéria e espírito. “Minha mensagem é para que os visitantes olhem para seus oratórios através dos meus. Desejo que encontrem e valorizem suas relíquias individuais, que são ao mesmo tempo parte de um todo”.

Faces de uma mesma mulher

Psicóloga há mais de 20 anos e analista Junguiana em Brasília, Moema é membro-analista do Instituto Junguiano de Brasília, da Associação Junguiana do Brasil e da Internacional Association for Analytical Psichology. Antes de atuar na área, formou-se em Artes Visuais pela UnB; estudou escultura com Israel Kislansky, encontrando grande afinidade com esta modalidade artística, e aperfeiçoou sua pintura com Bisser Nai. Sua dedicação às artes, porém, sempre se deu na esfera privada, ficando a psicologia, na pública. Até o romper da pandemia...

Este momento crucial para a humanidade despertou em muitas pessoas desejos latentes. Ou, no caso de Moema, a vontade de extravasar algo que, pelo menos, não era tão evidente aos olhos externos: sua verve artística. Mas ela esclarece que a exposição não simboliza um rito de passagem, e sim um encontro de duas paixões.

Recentemente, escrevi o livro ‘Jung, arte e imagem: um entrelace vital’, que trata da relação intrínseca das Artes Visuais com o desenvolvimento da Psicologia Analítica Junguiana. Trilhar os caminhos dessa exposição me deu a chance de abrir espaço para a artista, o que me faz bastante viva e me torna ainda mais profunda enquanto analista. Acho que essa exposição apresenta e honra ‘minha artista’, um lado que também é meu”, explica.

Depois de fazer um acompanhamento crítico com o curador Rogério Carvalho, pela primeira vez expôs coletivamente e iniciou a pesquisa que ergueu “Oratórios de Mim”.

 

Sobre a escolha do Espaço Oscar Niemeyer

Moema escolheu o espaço, especificamente, para abrigar sua exposição. Em seu salão principal, o formato circular convida o visitante a caminhar em círculo, o que traz, simbolicamente, o movimento sagrado de circum-ambulação. Este termo é utilizado em várias tradições religiosas e espirituais para o ato de mover-se em torno do objeto ou local sagrado, num gesto de adoração e respeito.

 

Outro aspecto representativo do local, que converge com a temática da exposição, está no caráter escultórico que Niemeyer confere à sua arquitetura. No caso do formato dessa construção, ela, aos olhos da artista, pode remeter às pequenas caixas circulares/ovais dos relicários de convento que abrigam relíquias.


A exposição “Oratórios de Mim” conta com o apoio do Espaço Oscar Niemeyer e da Secretaria de Cultura e Economia do Distrito Federal do Governo do Distrito Federal.

 

 

Serviço:

Oratórios de MimDe 08 a 28 de junhoVernissage: 08 de junho, a partir das 19 horasDias e horários de visitação:De terça a sexta, das 9h às 18hDe sábado e domingo, das 9h às 17hEspaço Oscar NiemeyerIndicação etária: a partir de 16 anosEntrada franca

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