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Música para ver e ouvir: as multicamadas do show de Luiza Lian

Em entrevista exclusiva para o Brasília News, a cantora fala sobre o novo álbum 7 Estrelas/Quem Arrancou o Céu? que traz à Brasília neste domingo 24 no festival VOA, no Parque da Cidade

Luiza Lian apresenta o álbum recém-lançado 7 Estrelas/ Quem Arrancou o Céu? Foto: Divulgação


(Jamila Gontijo)


O canto de Luiza Lian chegou até mim por uma dessas boas surpresas que os algoritmos proporcionam. Foi em 2018, quando eu pesquisava músicas com temática e sonoridade com ritmos e temática vindas de práticas espirituais, em grande parte ligadas às tradições da religiosidade afrodescendente. Eu estava descobrindo uma onda musical que traz para o palco as possibilidades do uso da música como conexão com o Invisível. Mas Lian vai além. Cconsegue sustentar uma mistura entre música devocional e a estética urbana, cosmopolita e concreta usando praticamente a voz e bases eletrônicas de seus parceiros musicais.


Durante a pandemia, Lian me fez companhia com os álbuns Oyá Tempo (2017) e Azul Moderno (2018) e me fez pensar que a inventividade da música brasileira contemporânea ainda não encontrou limites.


Agora, quando estamos tentando compreender a vida pós-pandemia, ela traz para Brasília o recém-lançado álbum 7 Estrelas/Quem Arrancou O Céu? com reflexões sobre relações virtuais e o universo pós-humano. O álbum tem composições de Lian e produção musical de Charles Tixier, parceiro de projetos anteriores. Uma das faixas tem participação da cantora Céu.


Nesta entrevista exclusiva para o Brasilia News, Luiza Lian fala um pouco sobre suas inspirações e o formato multicamadas do show desta também artista visual.


Brasilia News: Luiza, o que podemos esperar do seu show neste domingo? Vai nos revelar quem foi que nos arrancou o céu, depois da pandemia, da pós-verdade e do pós-humano?


Essa pergunta já traz várias respostas, ne? Mas eu gosto de pensar que esse disco é mais sobre perguntas e o questionamento sobre o que está acontecendo com a gente do que propriamente dar respostas.


Por outro lado, acho que ele também responde uma coisa que é um pouco doce-amarga que é o quanto a gente está participando, voluntária ou involuntariamente, desta queda do céu, deste arrancar do céu. Tem muito disso. O show traz de uma maneira ainda mais sensorial esse questionamento e propõe que as pessoas deem esse mergulho junto comigo em Quem Arrancou o Céu e no encontro com as 7 Estrelas.


Vai ser um show bem bonito, eu vou trazer a minha visualidade e toda essa narrativa “operesca” dele, com a visualidade, com o laser, com as projeções e com a luz. Estou bem animada de apresentar isso aqui em Brasília.


Brasilia News: É sua primeira vez em Brasília? Como sente a cena musical da cidade?


Essa não é a primeira vez que eu venho pra Brasília. Eu vim em 2017 com o disco Oyá Tempo. Fiquei de vir com Azul Moderno, em 2020, mas aí veio a pandemia e tudo ficou mais difícil.


Tem uma coincidência entre as duas vezes que eu vim. Por acaso eu tinha, em ambas as vezes, lançado o show em duas noites em São Paulo. E Brasília é o primeiro show que eu faço depois do lançamento do 7Estrelas/Qaoc e foi assim também em 2017, no Oyá Tempo.

Eu acho que Brasília é um lugar muito especial no sentido das possibilidades de cultura. A sensação que eu tenho é que está tudo em movimento e que a cena é muito viva. Da outra vez que eu vim foi para uma festa no Setor Comercial, meio na rua, mas era uma festa fechada. Desta vez a gente vai fazer no Parque da Cidade. Então dá essa sensação de que tem muitas possibilidades de cultura e movimento cultural aqui em Brasília.



Luiza Lian e a sonoridade visual no palco. Foto: divulgação


Brasilia News: Você acabou de lançar o 7 Estrelas/Qaoc. Quais são os planos musicais que vem por aí?

De certa forma estou sempre fazendo vários projetos, quase que simultaneamente, até que um... eu vou alimentando varias sementes de ideias, de música, e até que uma sai na frente e toma a dianteira. Eu acho que agora o plano principal é circular esse show do 7 Estrelas/Qaoc. Eu estou muito empolgada com isso, com levar esse show para o Brasil e para o mundo porque é um show que eu pensei ao longo destes 3 anos, durante a pandemia inteira, um show que eu fiquei sonhando com ele, pensando como ia ser. Eu acho que o resultado de tanto tempo pensando foi muito especial. Eu quero muito poder mostrar isso para as pessoas e compartilhar as músicas e o que a gente está propondo para essa visualidade, para a experiência sensorial que é o show do 7 Estrelas/Qaoc. Com certeza o plano principal é esse. Enquanto isso estou compondo, estou terminando de compor agumas músicas e vendo qual é o próximo projeto que disponta nos meus cadernos.


Brasilia News: Na sua discografia, você traz a música-devocional, a música-cântico de fé. Por que essa temática te toca e como espera que nos toque?

Eu cresci em centros espiritualistas. Então eu tenho essa relação com a espiritualidade de um jeito muito natural. Minha relação com o canto é muito ligada com a espiritualidade porque durante muito tempo essa foi uma das principais atividades de canto que eu fiz, foi cantar pra chamar as forças, para que as entidades se apresentassem para ajudar as pessoas que estavam buscando suas curas. E então essa relação com a fé, com o canto e com a composição faz parte do meu olhar para a vida de um jeito o muito orgânico.


Na verdade, quando eu coloco músicas assim, que tem a ver com esse devocional, eu sempre espero que pessoas que não tenham esse tipo de fé também possam ser sensibilizadas com a música. Não no sentido que elas tem que acreditar no que eu acredito, mas no sentido de que no fim é uma reflexão sobre a vida, independentemente do que você acredita.


Eu tenho pra mim que a espiritualidade e a religiosidade são formas de poesia para a gente tentar entender os mistérios da existência, esse grande mistério infinito que está posto aqui. Eu acho que pessoas de qualquer tipo de fé, céticas ou ateias podem se identificar com isso, se identificar com essa conexão.


SERVIÇO:

Show Luiz Lian no Festival VOA

Domingo, 24 de setembro às 20h

Mais informações:

https://voafestival.com.br/#atracoes

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